MEU RESUMO DO PRIMEIRO E DO SEGUNDO CAPÍTULO DO LIVRO DE SANTA TERESA D'ÁVILA
Para não me perder enquanto lia o livro de Santa Teresa d'Ávila (já que sou extremamente leiga), fui extraindo as coisas das quais não queria me esquecer e as salvando em um arquivo separado. Elas estão no texto abaixo e espero que possam servir para motivar a outras pessoas a lerem essa obra fantástica também! :)
AS
MORADAS DO CASTELO INTERIOR
Santa
Teresa d’Ávila
![Resultado de imagem para as moradas](https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51Ue6QQ9lYL.jpg)
“TERESA DE
JESUS, MONJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO, ESCREVEU ESSE TRATADO, QUE SE INTITULA
“CASTELO INTERIOR” PARA SUAS IRMÃS E FILHAS, AS MONJAS CARMELITAS DESCALÇAS”.
1. Prólogo
Santa Teresa afirma que pediram para ela escrever sobre assuntos de
oração, mas não é a pessoa mais letrada e tampouco tem desejo de escrever, além
de ter muitas tarefas e uma dor contínua de cabeça nos “últimos dias”, porém,
pelo voto de obediência, se propõe a escrever de bom grado.
“Que Aquele que tem feito coisas mais difíceis, e em cuja misericórdia
confio, venha em meu favor” (Pág. 23).
2. Primeiras Moradas
2.1. Capítulo I
A santa inicia explicando que nesse livro irá comparar a nossa alma como
um castelo com muitas moradas.
“Estando hoje a suplicar a Nosso Senhor que falasse por mim, pois eu não
atinava o dizer nem como começar a cumprir esse obediência, foi-me oferecido o
que agora direi para começar com algum fundamento, que é considerar nossa alma como uma castelo feito de um único diamante
ou de um cristal muito límpido, onde há
muitos aposentos, assim como no céu há muitas moradas. Se pensarmos bem,
irmãs, a alma dos justos não é outra coisa senão um paraíso onde Ele diz
encontrar os seus deleites”. (Pág. 27)
Santa Teresa nem tenta explicar/descrever a beleza do castelo (alma),
pois diz que não há nada com o que comparar de tão linda que é. “Não é uma
lástima e uma confusão que, por nossa culpa, não compreendamos a nós mesmos e
nem saibamos o que somos?” (pág. 28)
Em seguida, mostra que sabemos tão pouco sobre a nossa alma que por isso
não cuidamos dela: “porque ouvimos ou porque a fé nos diz, sabemos que temos
alma; mas que bens possa haver nessa alma, ou quem está dentro dela, ou seu
grande valor, isso poucas vezes levamos em consideração, e assim nos
preocupamos tão pouco em conservar sua beleza com todo o cuidado”. (pág. 28)
“Pois consideremos que este castelo tem, como eu disse, muitas moradas,
umas no alto outras em baixo, outras nos lados, e no centro, no meio de todas
estas está a principal, que é onde ocorrem as coisas mais secretas entre Deus e
a alma.” (pág. 28)
“Há muitas almas que estão em torno do castelo, que é onde estão os que o
guardam, e que não se interessam em entrar nele, nem sabem o que existe naquele
lugar tão precioso, nem quem se encontra ali dentro, nem mesmo os cômodos que
contém.” (Pág. 30)
“Há almas tão doentes e voltadas para as coisas exteriores que não têm
remédio nem parece que possam penetrar em si mesmas, pois que já se acostumaram
tanto a lidar com os parasitas e as feras que estão em torno do castelo que já
se assemelham a elas – e, embora tão ricas por natureza e capazes de conversar
com o próprio Deus, não têm mais remédio.” (Pág. 30)
“PORQUE, ATÉ QUANTO POSSO ENTENDER, A PORTA PARA SE ENTRAR NESSE CASTELO
SÃO A ORAÇÃO E A MEDITAÇÃO”. (Pág. 30)
“As almas que enfim entram no castelo e, embora estejam bastante
envolvidas com o mundo, têm bons desejos e vez por outra se encomendam a Nosso
Senhor, e meditam sobre si mesmas, ainda que sem se deterem muito. (...) Acabam
entrando em alguns dos aposentos mais baixos, mas junto com elas entram tantos
parasitas que nem se lhes permitem ver toda a beleza do castelo, nem ficar em
sossego; mas já fazem muito em terem entrado.” (pág. 31)
2.2. Capítulo II
Santa Teresa d’Ávila inicia o segundo capítulo comentando sobre o pecado
e os efeitos dele para a nossa alma.
“Antes de seguir adiante, peço-vos que meditem sobre o que ocorre com o
castelo tão resplandecente e belo (...) quando cai em pecado mortal: não há
trevas nem coisa que lhe seja mais escura e negra (...) estando em pecado
mortal, todas as boas obras que praticar não o ajudarão a alcançar a glória
(...) a intenção de quem cai em pecado mortal não é agradar a Ele, mas
satisfazer ao demônio, que sendo as próprias trevas faz com que a própria alma
se torne tenebrosa como ele.” (Pág. 33)
Em
seguida, compara a alma a uma árvore, na qual a primeira está plantada em águas
límpidas (Deus) e dá bons frutos e outra em águas turvas e fétidas (demônio)
que secam e produzem apenas imundícies.
“Assim como são límpidos os regatos [corrente
de água pouco volumosa e de pequena extensão; ribeiro, riacho, córrego] que saem
de uma fonte límpida, assim é uma alma que se encontra em estado de graça, e
suas obras são agradáveis aos olhos de Deus e dos homens, porque procedem desta
fonte de vida, onde a alma se encontra como uma árvore plantada, que não teria
frescor nem frutos se não procedesse
dessas águas, que a sustentam e fazem com que não seque e dê bons frutos; assim
acontece com a alma que se afasta dessa fonte e se planta em outra, águas muito
turvas [que se movimentam
muito; agitadas, violentas; com falta de transparência; com matérias em
suspensão] e fétidas, pois tudo o que dela brota
é apenas desventura e imundície”. (Pág. 34)
“Ó, almas redimidas pelo sangue de Jesus Cristo, compreendei nossa
condição e tende compaixão de vós mesmas! (...) Vede: se vossa vida chegar ao
fim neste estado, jamais voltareis a desfrutar da luz.” (Pág. 34)
Santa Teresa d’Ávila comenta sobre uma pessoa que conheceu que aprendeu
duas coisas com a graça que Deus concedeu a ela:
“a primeira, um temor enorme de ofendê-Lo, e então vivia sempre lhe
suplicando que não a deixasse cair, ao ver tão terríveis estragos; a segunda,
um espelho para a humildade, onde via que o princípio de nenhuma coisa boa que
façamos procede de nós, mas desta fonte onde está plantada esta árvore de
nossas almas e deste sol que dá calor a nossas obras.” (Pág. 35)
Em seguida, Santa Teresa pede para não imaginarmos o castelo com as
moradas uma ao lado da outra, mas compara a alma a um palmito. No centro está o
Rei e ao redor (em muitas camadas), em cima e embaixo estão as moradas.
“Não haveis de imaginar
estas moradas uma após a outra, como em fileira, mas ponde os olhos no centro,
que é a peço ou o palácio onde está o Rei, e considerai-as como um palmito em
que, para se chegar até a parte comestível, há muitas coberturas que cercam
completamente o que é saboroso. Aqui também, ao redor da peça existem muitas, e
da mesma forma por cima, porque as coisas da alma devem ser consideradas em
termo de plenitude, largura e grandeza, sem que nada se exagere, pois sua
capacidade é muito maior do que possamos considerar, e este sol que está no
palácio se comunica com todas as suas partes. O mais importante para qualquer
alma que tenha oração, pouca ou muita, é que não a encurralem nem oprimam; que
a deixem andar por estas moradas, acima, abaixo e em dos lados, pois Deus
lhe deu tão grande dignidade; não a forcem a estar muito tempo em uma mesma
peça, ainda que seja o próprio conhecimento, por mais necessário que seja.”
(Págs. 36 e 37)
Afirma que mesmo que a alma esteja com Deus, ela precisa sair às vezes
para entendermos melhor a grandeza e majestade de Dele, nisso, a própria
humildade que precisamos ter nos ajudará e, saindo da presença do Rei, a alma
“constatará bem melhor a sua baixeza”.
“E creiam-me que com a virtude de Deus praticaremos muito melhor a
virtude do que estando presas a terra. Não sei se ficou bem claro, pois este
conhecermos a nós mesmos é tão importante que não quereria que houvesse jamais
qualquer descuido neste ponto, por mais elevadas que estejais no céu – pois enquanto estamos nesta terra, não há nada
que nos importe mais do que a humildade.” (Pág. 37)
“E a mim parece que
jamais chegaremos a conhecer a nós mesmas se não procurarmos conhecer a Deus;
contemplando Sua pureza, veremos nossa sujeira; considerando sua humildade,
veremos o quanto estamos longe de ser humildes”. (Pág. 37)
“Por isso vos digo, filhas, que devemos pôr os olhos em Cristo, nosso
bem e em seus santos, e dali depreenderemos [entender, perceber,
compreender] a humildade, e o entendimento há de enobrecer, e o conhecimento em nós
mesmas não será rasteiro ou covarde; que embora esta seja a primeira morada, é
extremamente rica e de tão grande valor que quem conseguir se livrar de seus
parasitas não deixará de seguir adiante.” Págs. 38 e 39)
“Destas primeiras moradas eu poderei dar boas informações por
experiência; por isso vos digo que não imaginem que sejam poucas peças, mas um
milhão, porque as almas entram aqui de mil maneiras, todas com boas intenções; mas como o demônio é tão mal intencionado
deve ter em cada peça muitas legiões de demônios para dar combate e impedir que
as almas passem de umas para as outras peças, e como a alma não o entende, ele
nos engana de mil maneiras, coisa que já não consegue tanto com as almas
que estão mais próximas de onde está o Rei, mas aqui elas estão como que absorvidas pelo mundo e engolfadas em seus
contentamentos, desvanecidas com suas honras e pretensões e não contam com a
força dos vassalos [Vassalo é o título dado ao
subordinado de um soberano. É um conceito que existiu durante a Idade Média e
está diretamente relacionado com o Feudalismo. Por norma, o vassalo era o indivíduo que pedia
algum benefício a um nobre superior e, em troca, fazia um juramento de absoluta
fidelidade a este] da alma, que são os
sentidos e as faculdades primordiais que
Deus lhes deu por natureza; tais almas
são facilmente vencidas; por mais que desejem não ofender a Deus e façam boas
obras. Aquelas que se encontrassem neste estado terão necessidade de recorrer
com frequência, e quando puderem, a Sua Majestade, tomar por intercessores Sua
bendita Mãe e Seus santos, para que lutem por elas, pois que seus criados têm
pouca força para se defender. Na verdade, em todos os estados é necessário que
Deus venha em nosso favor. Que Sua Majestade nos conceda isso, por Sua
misericórdia, amém.” (Pág. 39)
Depois, a santa comenta que quando entramos nesta primeira morada,
estamos tão cheios de sujeira e de tantas coisas ruins, que essa sujeira nos
cega e não nos deixa enxergarmos a luz desta morada. “Como se alguém entrasse
numa parte em que entra muito sol, mas tivesse terra nos olhos, e quase não os
conseguisse abrir; a peça está clara, mas ela não desfruta disso por
impedimento ou efeito destas feras e bestas que lhe parecem fechar os olhos
para que vejam apenas a elas. Assim me parece que deva ser uma alma que, embora
não esteja em mal estado, vive tão imersa e mergulhada nas riquezas e negócios,
como venho dizendo, que por mais que desejem de verdade enxergar e desfrutar de
sua beleza não conseguem se desvencilhar de tantos impedimentos.” (Pág. 40)
Precisamos tomar cuidado conforme formos avançando nas moradas, essas
almas que estão livres destes tropeços, para não sair do castelo por nossa
culpa. “é de suma necessidade não se descuidar para poder compreender seus
ardis [Ato ou comportamento sagaz; em que há astúcia] e não deixar que
nos enganem disfarçados de anjos de luz, pois que existe uma infinitude de
coisas que nos podem causar danos insinuando-se pouco a pouco e antes que o mal
esteja feito, não as compreendemos”. (Pág. 41)
“A verdadeira perfeição consiste no amor de Deus e
do próximo, e com quanto maior perfeição guardarmos estes dois mandamentos,
mais perfeitas seremos.” (Pág. 42)
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